quinta-feira, 18 de outubro de 2012

RESGATANDO A HISTÓRIA DA ENTIDADE


ASSOCIAÇÃO FILANTRÓPICA DE MARÍLIA: A SOLIDARIEDADE QUE TRANSFORMA MENINOS EM CIDADÃOS


Os cabelos grisalhos bem cuidados e o brilho no olhar escondem a idade. Que dirá do sorriso aberto quando recorda histórias de uma das entidades assistenciais mais longevas da cidade. Afinal, essas histórias se misturam à sua própria vida porque a Associação Filantrópica de Marília foi fundada pelo seu pai, Luiz Laraya, e um grupo de amigos, quando ele tinha apenas um ano de idade.



O administrador de empresas aposentado Luiz Carlos Laraya é o atual presidente da instituição que completará 68 anos de fundação, no próximo dia 30 de outubro. À frente de dezenas de apoiadores e voluntários, ele faz questão de agradecer “o coração nobre da população que sempre nos ajuda”.


 
As dificuldades são inúmeras, a começar pelas subvenções: R$ 1.000,00 por mês do governo do Estado e R$ 1.600,00 mensais do governo federal. A Prefeitura de Marília colabora com o salário de quatro funcionários e parte dos alimentos. Para a conta fechar no fim do mês, a entidade realiza promoções e bazares nos dois primeiros sábados do mês, além de receber ajuda financeira dos mantenedores.



Há alguns anos, aproveitando uma iniciativa do ex-vereador e presidente da Câmara Municipal, Walter Cavina (PSDB), a Filantrópica obteve gratuidade na conta de água fornecida pelo Daem (Departamento de Água e Esgoto de Marília) porque abriga crianças. Coincidências da vida, o último ex-diretor do Daem, Antônio Carlos Vieira (Sojinha), foi interno na entidade “por uns 10 anos”, revelou o presidente. Sojinha formou-se em Direito.




Para Laraya, apesar das adversidades, o balanço tem sido positivo: “Tivemos muitas histórias de sucesso. Mas, também, algumas histórias de fracasso. Temos ex-internos que fizeram faculdade, casaram e formaram família, construíram brilhantes carreiras e se tornaram pessoas de bem”. 





Ele contou que na última edição do Japão Fest, no começo do ano, encontrou um rosto conhecido na multidão. “Nós nos reconhecemos dos tempos da Filantrópica. Era um dos meninos abrigados. Quando completou 18 anos e saiu, ele passou no concurso do Banco do Brasil, fez carreira e hoje tem família e está aposentado”.

 CIDADANIA


Os meninos chegam à Filantrópica na faixa etária entre 02 e 07 anos. Nem sempre são órfãos e quando têm família podem receber visita duas vezes por semana. As crianças são abrigadas até completarem 18 anos: “Mas, tem casos em que prolongamos esse tempo para que o interno possa concluir os estudos se estiver matriculado numa escola próxima à entidade, por exemplo. Da mesma forma, investimos em cursos de inglês quando percebemos que o interno tem interesse e deseja se preparar”.


Encravada em uma área de mais de 40 mil metros quadrados, a Associação Filantrópica tem instalações simples, mas muito bem cuidadas. A limpeza é supervisionada de perto por Fátima Mussi, um dos braços direitos do presidente que conta, também, com o apoio da assistente social Juliana Rino e da psicóloga Dalva Maria Furlan. Ao total, trabalham na entidade 14 funcionários: professores, cozinheiras, serventes, faxineiras, babás noturnas, secretária, coordenadora, contador, auxiliar de desenvolvimento escolar e uma fonoaudióloga voluntária, Sabrina Domingos.

A preocupação com o bem-estar dos meninos fica evidente no aparato de segurança: câmeras visíveis em vários ambientes e outras não perceptíveis permitem que os diretores possam acessar as imagens e visualizar o que acontece na entidade, remotamente, em tempo real. Por 35 dias as imagens ficam arquivadas. 


A tecnologia é uma importante aliada. No entanto, o amor e dedicação da equipe profissional são os grandes responsáveis pelos bons resultados da Filantrópica na formação dos meninos: “Ficamos muito felizes quando vemos que os adolescentes saíram daqui e viraram cidadãos com os valores que receberam”, afirmou a assistente social Juliana Rino.

Por sua vez, a psicóloga Dalva Furlan observou que “as empresas poderiam colaborar conosco para que pudéssemos ter oficinas profissionalizantes, como uma marcenaria. A partir de 16 anos as empresas podem receber o menor aprendiz, mas não temos como ensinar uma profissão aos que estão na faixa de 12 a 14 anos”. Ela citou a indústria Carino como uma das parceiras que recebem os menores aprendizes da entidade.

REFORMA

Além da manutenção natural a uma construção tão antiga, a Associação Filantrópica precisa de investimentos permanentes. Recentemente, foi construída uma nova lavanderia com a verba de 130 mil reais liberada pelo então chefe da Casa Civil do governo do Estado, Aloysio Nunes. Em campanha pela cidade, ele aproveitou para visitar a entidade há alguns dias.

Graças às doações da Flex Imóveis e da indústria Carino está sendo substituído o grande portão de acesso à entidade. “Os menores estão sob nossa responsabilidade e, assim, temos que oferecer toda segurança a começar pela entrada”, explicou Laraya.

VOLUNTARIADO


Na sexta-feira, com o mesmo carinho e dedicação do marido, Rosa Laraya, dava os últimos retoques na arrumação do bazar da pechincha que seria realizado ontem. Ela estava acompanhada de outra voluntária, Irene Vicente Fernandes, idealizadora das araras improvisadas. Roupas de ótima qualidade, vestidos de festa, brinquedos, calçados, bolsas e até eletrodomésticos doados pela população são vendidos a preços baixíssimos e geram renda.

Neste mês, o bazar vai acontecer, novamente, no próximo sábado e os clientes podem escolher tudo com calma num ambiente acolhedor e bem organizado: “Os preços são baixos, de um ou dois reais para roupas, em média, porque nosso público é de baixa renda. Assim, eles nos ajudam a manter a Filantrópica e nós os ajudamos com os produtos de boa qualidade do bazar”, assinalou Rosa. 

E a lista de necessidades não para de crescer: instalação do forro das casinhas que abrigam o bazar; material para limpeza da piscina onde são desenvolvidas atividades esportivas e de recreação, manutenção da horta, reforma da quadra de areia e construção de um playground para os pequenos, entre outros.

Integram a Diretoria Executiva da Filantrópica, além do presidente Luiz Carlos Laraya, o vice-presidente Reginaldo Arthus, o 1º. secretário Ademir de Oliveira, o 2º.secretário Luiz Fernando Cardoso, o 1º.tesoureiro João Augusto Leão Garcia, o 2º.tesoureiro Sérgio Gomide, o procurador jurídico Rubens Cardoso Bento e o procurador jurídico adjunto Alberto de Oliveira e Silva.





Para quem quiser conhecer e puder ajudar: a entidade está localizada à Rua Adolfo Pinto, nº 330, bairro São Paulo (próximo ao Tauste Norte), telefone (14) 34335057 e e-mail: filantropicamarilia@ig.com.br.


Agradecemos a Celinha Ribeiro pela excelente matéria

Um comentário:

  1. Um dia espero visitar ,hoje tenho 40anos fui morador na minha infância, resido em São José sc

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